quinta-feira, 29 de julho de 2010

A inversão dos polos magnéticos da Terra

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Os pólos magnéticos da Terra passam por inversões: de vez em quando, o que é norte vira sul, e vice-versa


A dança do magnetismo terrestre, artigo de Marcelo Gleiser


Marcelo Gleiser é professor de física teórica do Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro "O Fim da Terra e do Céu". Artigo publicado na “Folha de SP”:

Em suas notas autobiográficas, Einstein conta como ele ganhou uma bússola de presente de seu pai quando tinha cinco anos: "Ainda me lembro ou acredito que me lembro que essa experiência causou um profundo efeito sobre mim. Algo de fundamental tinha de estar escondido por trás das coisas".

A bússola de Einstein, como qualquer outra, apontava para o norte, independentemente de onde estivesse: o metal da agulha tende a se alinhar com o campo magnético da Terra, que corre na direção norte-sul. Essa observação, tão óbvia quanto a volta do Sol a cada dia, que marinheiros e pássaros usam para se orientar em suas viagens, não tem nada de trivial.

O fato de a Terra ser um gigantesco ímã se deve a uma confluência de fatores, que só agora começam a ser entendidos. Dentre as descobertas relativamente recentes, a mais chocante é a de que os pólos magnéticos da Terra -quase alinhados com seus pólos geográficos (daí a utilidade da bússola)- passam por inversões: de vez em quando, o que é norte vira sul, e vice-versa. A questão é quando será a próxima.

A última inversão de polaridade ocorreu há 780 mil anos, bem mais tempo do que a média de 250 mil anos. Por alguma razão, os intervalos entre elas vêm encolhendo nos últimos 120 milhões de anos. Sabemos disso porque cada inversão deixa uma assinatura nas rochas magnéticas, suscetíveis a mudanças de orientação do magnetismo terrestre quando aquecidas.

Ao resfriarem, mantêm a nova orientação, reproduzindo no tempo a coreografia dos pólos magnéticos. Portanto, a próxima inversão está bem atrasada. Vivemos num período de relativa estabilidade que não durará para sempre. E os primeiros sinais estão já aparecendo.

Dados colhidos por satélites em 1980 e em 1999 mostram que ilhas de polaridade oposta no campo magnético terrestre estão crescendo. Imagine uma bola de futebol com o hemisfério sul pintado de azul e o norte de vermelho.

As medidas indicam que dentro da região vermelha existem manchas azuis, e vice-versa, e que essas manchas aumentaram nos últimos 20 anos. A suspeita é que elas sejam os precursores da próxima inversão. O campo magnético terrestre se reduziu em 10% desde 1830.

O centro da Terra é uma esfera de metal líquido, principalmente ferro, com volume seis vezes maior que o da Lua inteira. Devido à enorme pressão exercida pela crosta e pelo manto, 2 milhões de vezes maior no centro do que na superfície, a temperatura lá chega a 5.000 C, comparável à superfície do Sol.

Como em uma sopa, bolhas de metal mais quente e, portanto, menos denso, tendem a subir. Na subida, elas se resfriam e voltam a afundar. Esse processo, chamado de convecção, transporta calor do centro da Terra para a região entre o centro e o manto. O metal líquido conduz eletricidade.

Quando adicionamos a rotação da Terra, temos uma esfera de metal líquido e borbulhante girando, essencialmente um gerador elétrico, ou dínamo. Em geradores comuns, o que gira são fios metálicos que transportam corrente. Desse movimento nasce um campo magnético que varia ao longo do tempo. A Terra é um gigantesco dínamo.

Sua corrente muda ocasionalmente de direção, invertendo a polaridade de seu campo magnético.

Simulações em computadores e experimentos em laboratório têm ajudado no estudo das inversões. Um satélite internacional está tomando novas medidas. Mesmo assim, não podemos ainda prever quando a próxima irá ocorrer. No meio tempo, é bom ficar de olho nos pássaros e nas bússolas.



Gráfico que mostra as inversões de polaridade da Terra a o longo dos últimos 160 milhões de anos




(Folha de SP, 17/7)

FONTE: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=29881

A FORÇA DE CORIOLIS

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FORÇA DE CORIOLIS


Contrariando o costume desta seção de evitar fórmulas e equações, começaremos logo mostrando a expressão que descreve a força de Coriolis:

F = 2 m v w

Não desanime. Essa fórmula será apenas para dar o pontapé inicial em nossa explicação da força de Coriolis, que procuraremos mostrar da forma mais gráfica possível. Antes, porém, vamos logo falar de algumas propriedades da força de Coriolis que serão comentadas com detalhes nas páginas seguintes.

A força de Coriolis só age sobre corpos que estão em movimento.

Quem está parado em seu canto não sofre a ação da força de Coriolis. Aquele v na fórmula da força de Coriolis indica a velocidade do objeto. Se v = 0, isto é, se o objeto está em repouso, a força de Coriolis será nula.

A força de Coriolis só age sobre corpos que estão em sistemas girantes.

Nós, por exemplo, estamos em um sistema girante, a Terra, que gira em torno de seu próprio eixo Norte-Sul dando uma volta completa cada 24 horas. Logo, sempre que nos movimentamos somos candidatos a sofrer a ação da força de Coriolis. Aquele w na expressão acima representa a velocidade de rotação do sistema. No caso da Terra, essa velocidade é de uma volta por dia. Se a Terra não estivesse girando, w seria zero e não haveria força de Coriolis agindo sobre os corpos que se movem em sua superfície.

A força de Coriolis não existe realmente.

Essa é de lascar, diz você. Depois de dar algumas propriedades da força de Coriolis e até uma respeitável fórmula matemática, como é que ela não existe?

Bem, ela não existe mas parece existir. Essa força é do tipo que os físicos chamam de "força fictícia", uma "não-força" que parece ser real para quem está sobre sistemas girantes. Vamos tentar esclarecer essa afirmação.

Carrosséis e bolinhas.

O exemplo clássico que é usado para ilustrar o surgimento da tal força de Coriolis envolve um carrosel (que é o sistema girante) e uma bolinha que se desloca sobre o carrossel que gira. Por simplicidade, consideraremos que a superfície do carrossel é bastante lisa e polida de modo que qualquer bolinha pode deslisar sobre ela sem nenhum impedimento. Em termos mais técnicos, o atrito entre a bolinha e a superfície do carrossel é zero.
A animação da esquerda mostra a bolinha saindo do centro e se deslocando em linha reta para a periferia do carrossel. Podemos imaginar que alguém (Eduardo) que está no centro lança a bolinha na direção de outra pessoa (Mônica) que está na borda do carrossel. Enquanto a bolinha segue seu trajeto retilíneo, obedecendo a lei da inércia (já que não há forças sobre ela), Mônica se desloca acompanhando o movimento giratório do carrossel. Desse modo, a bolinha alcança a borda do carrossel em um ponto à esquerda de Mônica.

A animação da direita mostra o mesmo episódio do ponto de vista de Mônica ou Eduardo. Durante todo o processo, ambos permanecem de frente, um para a outra, nariz apontando para nariz. Já a bolinha, segue uma trajetória que encurva para a esquerda de Mônica e a direita de Eduardo. A interpretação de ambos, usando a lei da inércia, é natural: "se a bolinha desviou, seguindo uma trajetória curva, deve haver alguma força agindo sobre ela". Essa força, que é outra manifestação de uma "força fictícia", é chamada de força de Coriolis, em homenagem ao cidadão que primeiro escreveu aquela expressão que vimos adiante.


Um carrossel é um sistema girante e qualquer pessoa (como Eduardo e Mônica que estão sobre ele) sabe quando está em um sistema girante. Basta olhar de lado e ver as pessoas e objetos que estão fora do carrossel. Essa constatação não é tão trivial quando o sistema girante é muito grande, como o planeta Terra onde todos nós vivemos. A gente sabe que a Terra gira porque acreditamos no que disse Copérnico. Mas, antes de Copérnico, todo mundo achava que a Terra estava parada e o Sol, a Lua e as estrelas giravam em torno dela dando uma volta completa cada dia. Vamos ver, na página seguinte, como essas duas interpretações divergentes levam ao surgimento da "força de Coriolis" sobre objetos que se deslocam sobre a Terra.

O efeito Coriolis no planeta Terra.

Agora que você entendeu porque a bolinha "parece" se desviar de sua trajetória retilínea, quando vista por alguém que está em um sistema girante como um carrossel, vamos mostrar como algo semelhante acontece com um objeto que se desloca em um grande sistema girante, o planeta Terra.
Imagine que um satélite artificial é lançado do pólo norte na direção do pólo sul. Se a Terra não girasse, esse satélite seguiria uma órbita sempre acima do mesmo meridiano terrestre. No entanto, a Terra gira de oeste para leste, dando uma volta em torno de si mesma em um dia. A animação da esquerda mostra um satélite indo do pólo norte ao equador em 3 horas. Durante esse tempo, a Terra gira de 45 graus (um oitavo de volta). A interpretação desse fato, para alguém que vê tudo de fora da Terra, é que a órbita do satélite é uma circunferência em um plano fixo porque a única força sobre ele é a gravidade. E, como a força da gravidade sempre aponta para o centro da Terra, não poderia desviar a trajetória do satélite para fora desse plano fixo.

A animação da direita mostra a mesma trajetória vista por alguém que está parado sobre a Terra. Esse outro observador vê o satélite se desviando para o oeste, como se alguma força o empurrasse para o lado. Teimando em dizer que a Terra está fixa, esse seguidor de Ptolomeu afirma que alguma força misteriosa desvia o satélite e, na falta de melhor nome, chama-a de "força de Coriolis".

Uma das consequências mais espetaculares da "força de Coriolis" na atmosfera da Terra é o movimento giratório dos furacões que costumam perturbar a vida dos habitantes do hemisfério norte. A foto ao lado mostra o furacão Dora sobre o Pacífico Sul, em 1999.
As grandes massas de ar que se deslocam nesses furacões , às vezes em grandes velocidades, formam enormes círculos em torno de uma região de baixa pressão, o chamado "olho" do furacão. No hemisfério norte esses movimentos são no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio. Quando os ventos se deslocam na direção da região de baixa pressão (representada pela área azul da figura) a força de Coriolis faz com eles se desviem para a direita. Comparando com a animação do satélite você pode ver a razão dessa tendência direitista.

No hemisfério sul um furacão deveria girar no sentido horário. Mas, para sorte nossa, por alguma razão meteorológica, quase não existem furacões no nosso hemisfério.
Será que dá para ver esse efeito na água que escoa pelo ralo de uma pia? Quando eu era estudante meu professor disse que dava e disse mais: no hemisfério norte a água escoa no sentido anti-horário e no hemisfério sul, no sentido horário. Segundo ele, essa era uma manifestação inequívoca do efeito Coriolis. Na próxima página comentaremos essa afirmativa.

O efeito Coriolis na pia do banheiro.

Infelizmente, meu professor estava errado. Não dá para comprovar os efeitos da força de Coriolis em uma pia, nem se a gente estiver usando uma pia em um dos pólos da Terra. A força de Coriolis, como vimos naquela fórmula do início, depende diretamente da velocidade angular da Terra em torno de seu eixo. Essa velocidade é muito pequena, 1 volta por dia. Fazendo as devidas transformações, isso equivale a cerca de 7 x 10-5 rd/seg. Usando a fórmula para 1 kg de água escoando com velocidade de 1 m/s (bem grande, portanto), a gente acha uma forcinha de apenas 10-4 N (0,0001 N) que é semelhante ao peso de um grão de poeira. Portanto, bastariam alguns grãos de poeira na água para baldear por completo a influência da força de Coriolis.
Se você fizer uma experiência na pia de seu banheiro (faça!) verá que a água pode escoar no sentido horário, no anti-horário, e pode até mudar de sentido durante o escoamento. Qualquer sugeirinha, qualquer vibração, qualquer irregularidade na superfície da pia influenciam muito mais o escoamento da água que a pobre força fictícia de Coriolis.

Mesmo assim, além dos furacões, a força de Coriolis tem efeitos bem visíveis na Terra. Os leitos dos rios costumam ser mais fundos em uma das margens do que na margem oposta. Que margem deve ser mais funda aqui no hemisfério Sul? Até os trilhos dos trens, depois de anos de uso, ficam mais gastos de um lado que do outro. Em vôos internacionais de longa duração, os pilotos têm de compensar o efeito da força de Coriolis para não se desviarem de suas rotas. O mesmo vale para satélites, como vimos nas animações anteriores.

FONTE: http://www.seara.ufc.br/tintim/fisica/coriolis/coriolis4.htm

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Radiotelescópios

O SKA (Square Kilometre Array) será o maior radiotelescópio do mundo, 50 vezes mais preciso do que os instrumentos actuais e capaz de descobrir as respostas das principais questões sobre o nosso Universo, incluindo a busca por planetas semelhantes à Terra e potenciais sinais de vida extraterrestre, a descoberta dos primeiros objectos que se formaram, testes de teorias da gravidade e a análise dos mistérios da energia escura.

O núcleo central mostrado na imagem, que ocupará uma área de um milhão de metros quadrados, conterá apenas 20% da área de colecta de informações. Núcleos menores, cada um com 28 antenas, se espalharão a partir desse centro. A 5 km do centro, o SKA terá 50% de sua capacidade instalada, chegando a 75% num raio de 150 km. Os núcleos mais externos, formando um conjunto de 5 braços espiralados, estarão a 3.000 Km do centro.
Os cientistas esperam que o SKA possa começar a ser construído em 2011, o permitiria que as primeiras observações científicas fossem feitas já em 2014. O rádio-telescópio completo só ficará pronto por volta de 2020.
fonte:aosabordamare.blogs.sapo.pt/121223.html

EL NIÑO LA NIÑA

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EL NIÑO LA NIÑA
A INFLUÊNCIA DOS FENÔMENOS CLIMÁTICOS
Um grande influenciador do sistema climático da Terra é representado pela interação entre a superfície dos oceanos a atmosfera. Os processos de troca de energia e umidade entre eles determinam também o comportamento do clima em todo o mundo. Dentre os fenômenos climáticos mais conhecidos, estão o El Niño e a La Niña.

O El Niño representa o aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial. A palavra El Niño é derivada do espanhol, e refere-se a presença de águas quentes que todos os anos aparecem na costa norte de Peru na época de Natal. Os pescadores do Peru e Equador chamaram a esta presença de águas mais quentes de Corriente de El Niño em referência ao Niño Jesus ou Menino Jesus. Já a La Niña é o resfriamento das águas do Oceano Pacífico Equatorial. No entanto, mesmo sendo o oposto do El Niño, não significa que os efeitos sejam opostos.

El Niño e La Niña, quando atuantes, geram conseqüências no tempo e no clima em todo o planeta. Uma maneira de acompanhar a evolução destes fenômenos é observar as mudanças da temperatura da superfície do mar ao longo do ano.
O QUE ACONTECE NA ATMOSFERA EM ANOS NORMAIS


Ventos chamados alísios sopram dos Trópicos para a região da linha do Equador. Estes ventos geram áreas de instabilidade conhecidas por ZCIT - zona de convergência intertropical. A ZCIT oscila para sul ou norte dependendo da época do ano. Estes ventos são responsáveis por movimentar as águas do Ocenao Pacífico. Nos anos normais, os ventos alísios ajudam a manter as águas quentes do Pacífico presas na região da Indonésia. Nestas circunstâncias, o mar aquece o ar, que sobe e forma nuvens de tempestade que precipitam sobre essa região.

O QUE ACONTECE NA ATMOSFERA COM EL NIÑO


Os ventos alísios ficam enfraquecidos. Sem os ventos fortes, todo o Oceano Pacífico Equatorial começa a aquecer, liberando evaporação e formando nuvens com intensas chuvas no Pacífico Equatorial Ocidental. Esta mudança no local da formação destas nuvens gera modificações no padrão de circulação do ar e da umidade na atmosfera, alterando o clima no mundo inteiro. O fenômeno dura de 12 a 18 meses, em média. Em episódios de El Niño, a temperatura da superfície do mar chega a ficar até 4,5ºC acima da média.

EFEITOS DO EL NIÑO NO MUNDO


O QUE ACONTECE NA ATMOSFERA COM LA NIÑA


Os ventos alísios ficam mais intensos, "empurrando" as águas do Pacífico para o Pacífico Equatorial Oeste, onde ficam mais quentes. Por consequência, próximo à costa do Peru as águas ficam mais frias, e a evaporação e formação de chuvas fortes fica concentrada na Indonésia. Tal como o El Niño, a mudança na formação destas nuvens gera modificações no padrão de circulação do ar e da umidade na atmosfera, alterando o clima no mundo inteiro. Em geral, episódios La Niñas têm períodos de aproximadamente 9 a 12 meses. Os valores da temperatura da superfície do mar em anos de La Niña têm desvios menores que em anos de El Niño, ou seja, as maiores anomalias observadas não chegam a 4ºC abaixo da média.

EFEITOS DO LA NIÑA NO MUNDO

Fonte:http://tempoagora.uol.com.br/mclimaticas/mc_elnino_lanina.php

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Muro de Berlim



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Após 20 anos da queda do Muro, divisões persistem na Alemanha
MÁRCIA SOMAN MORAES
da Folha Online
O governo alemão preparou uma grande celebração para o dia 9 de novembro, data que marca os 20 anos da queda do Muro de Berlim --considerado o marco reunificação do país após 40 anos dividido em um regime capitalista --ao oeste-- e um regime socialista--ao leste.
As diferenças entre as duas metades alemãs, contudo, ainda são visíveis na economia, nas relações e até mesmo na paisagem marcada, de um lado, pela reconstrução, e, de outro, pelos prédios destruídos pela Segunda Guerra (1939-1945), que levou à divisão do país.
"Embora mais amenas, as diferenças ainda são visíveis. O PIB [Produto Interno Bruto] é muito maior no ocidente, a imigração é maior do leste para o oeste", cita o historiador Jürgen Kocka, presidente do Centro de Pesquisa em Ciência Social em Berlim.
Markus Schreiber-21out.09/AP

Moradores passam por resquício do Muro de Berlim já pintado por dezenas de artistas; muro virou patrimônio histórico
Por 40 anos, o lado oeste da Alemanha viveu sob um regime capitalista controlado por França, Inglaterra e Estados Unidos e injetado com cerca de US$ 3,3 bilhões do Plano Marshall --o plano de reconstrução europeia desenvolvido pelo então secretário de Estado americano, George Catlett Marshall, que apagou as marcas da guerra e construiu um país competitivo e desenvolvido.
Já o lado leste, viveu sob um regime socialista que priorizava a indústria pesada de exportação como forma de compensação aos danos causados pelos alemães à União Soviética, uma política que não priorizava a produção de bens de consumo e que negligenciava a infraestrutura já danificada da região.
"A transformação econômica pós-unificação foi difícil e ainda está em desenvolvimento", afirma o professor Arnd Bauerkamper, do departamento de História Comparada da Europa da Universidade Livre de Berlim. "As taxas de desemprego, por exemplo, são de cerca de 8% no lado oeste e 10% no lado leste.'
Wessi e Ossi
Os legados do Muro de Berlim estão também na sociedade alemã, afirma Kocka. "Embora 20 anos tenham se passado, persiste a ideia de que os alemães do leste são de segunda classe e menos desenvolvidos economicamente. O que é uma questão de reconhecimento do próximo que de realidade".
Depois da unificação, muitos alemães orientais ressentiam o que consideravam a arrogância e a insensibilidade dos seus compatriotas do oeste. Os termos pejorativos Wessi --abreviação da palavra alemã para ocidentais- e Ossi --abreviação de orientais-- tornaram-se o símbolo na cultura alemã das diferenças marcantes entre aqueles que haviam vivido 40 anos sob dois regimes opostos.
AP-Ago.61

Moradores de Berlim observam operários erguendo o Muro
"São heranças de memória, estilos de vida diferentes que estão presentes no comportamento e na paisagem, principalmente de Berlim. As atitudes mudaram significativamente, mas serão necessárias duas ou três gerações para que a sombra do Muro seja esquecida de vez", afirma Bauerkamper.
Criação do Muro
Se as lembranças do Muro de Berlim demorarão duas gerações para serem esquecidas, a construção da barreira que dividia a capital alemã despontou na paisagem da cidade em apenas uma noite --do dia 12 para o dia 13 de agosto de 1961.
O Muro foi resultado de um decreto aprovado pela Câmara do Povo da República Democrática Alemã (RDA) em 12 de agosto. Inicialmente construída com arame farpado e blocos, a barreira foi substituída por uma série de muros de concreto que chegavam a cinco metros de altura e 120 km de extensão. A segurança era fortalecida por arame farpado, torres de vigilância, um campo minado e muitos guardas.
A medida drástica foi uma reação à fuga de alemães do oeste que ameaçava a estabilidade da RDA, com a perda de cerca de 3 milhões de pessoas --a maioria trabalhadores qualificados e intelectuais.
"A Alemanha Oriental teria ruído muito antes se o Muro não existisse. Ele era apenas a ponta mais drástica de toda uma fronteira fortemente vigiada", afirma Kocka.
Repressão
O Muro de Berlim tornou-se um símbolo do cerceamento das liberdades no lado leste e, embora tenha contido a ruína da economia da RDA, foi um grande passo no seu desmoronamento definitivo. "Os alemães orientais que não estavam ligados à elite do partido ficaram mais conscientes da divisão à qual estavam submetidos e rejeitaram o Muro como um símbolo da repressão do regime", afirma Kocka.
Muitos tentaram fugir do país mesmo diante do novo obstáculo. Estimativas históricas indicam que cerca de 5.000 alemães orientais conseguiram cruzar a fronteira, outros 5.000 foram capturados e outros 191 foram mortos durante a travessia.
O descontentamento, agravado pelo início do colapso do sistema socialista em toda a porção soviética do mundo, era ainda maior em Berlim pelas imagens trazidas pela televisão. O regime da RDA até tentou proibir a televisão ocidental, mas a proximidade do território tornava o sinal acessível a praticamente todo o país.
"Para o oeste, o Muro os dividia de um país sombrio e pouco interessante. Eles não ligavam muito para os vizinhos. Mas os alemães orientais olhavam de perto a ostentação do capitalismo pelos programas de TV, o que ampliava a curiosidade e a frustração pelo cerceamento da liberdade", afirma Bauerkamper.
Reunificação
Barbara Klemm-10nov.89/Divulgação

Milhares de alemães tomam conta do Muro de Berlim após anúncio de sua queda
A mudança nos governos das duas Alemanhas no início da década de 70 --com o chanceler Willy Brandt no oeste e Erich Honecker no leste-- levou a uma aproximação conhecida como Ostpolitik e a assinatura de um Tratado Básico que regularizou as relações entre das duas repúblicas.
A unificação entre as Alemanhas, contudo, só começou a parecer real, contudo, com a queda de outros regimes comunistas na Europa oriental e da ex-União Soviética.
A primeira brecha no Muro ocorreu pouco messes antes de sua queda, quando o novo governo reformista da Hungria permitiu a fuga dos alemães através da recém-aberta fronteira com a Áustria.
O governo de Egon Krenz, um comunista da linha-dura que assumiu para tentar reverter a queda do regime, tentou evitar a vergonha da fuga em massa de seus cidadãos. Na noite de 9 de novembro, Gunter Schabowski, funcionário do governo, anunciou erroneamente em uma entrevista a jornalistas transmitida pela televisão que o governo permitiria a passagem ilimitada para a Alemanha Ocidental "imediatamente".
Em poucas horas, multidões estavam no Muro e exigiam passar. Sem instruções e com poucas alternativas, os guardas permitiram a passagem de dezenas de milhares de pessoas que celebraram o fim do principal símbolo da divisão do país e ícone da Guerra Fria.
A abertura do Muro foi fatal para a RDA. Os protestos por um governo democrático ganharam força e, em meados do mesmo mês, Krenz foi substituído por um reformista moderado, Hans Modrow, que prometeu eleições livres.
A votação colocou Lothar de Maizière, membro de longa data da União Cristã Democrata, no poder e as negociações por um tratado de unificação começaram. No ano seguinte, em dezembro, os alemães foram às urnas para a primeira eleição democrática da Alemanha unificada.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u646989.shtml

Entenda a MP 458, que regulariza a posse de terras na Amazônia Legal



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Entenda a MP 458, que regulariza a posse de terras na Amazônia LegalO presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, nesta quinta-feira, a Medida Provisória 458, que prevê a regularização de terras na Amazônia Legal.

A expectativa do governo é de que, com a regulamentação das posses, os órgãos de fiscalização tenham maior facilidade para identificar e punir eventuais crimes ambientais na região.

Dois dos pontos mais polêmicos do texto, que haviam sido incluídos pelos deputados, foram vetados pelo presidente Lula.

Entenda o que está por trás da MP 458.

O que é a Medida Provisória 458?

A Medida Provisória 458 trata da regularização de terras na Amazônia Legal, abrindo a possibilidade de que os posseiros formalizem juridicamente seu direito a essas propriedades.

As propriedades de terra com até um quilômetro quadrado (100 hectares), que representam 55% do total dos lotes, serão doadas aos posseiros. Aqueles que possuírem até 4 quilômetros quadrados (400 hectares) terão de pagar um valor simbólico, e os proprietários com até 15 quilômetros quadrados (1,5 mil hectares) pagam preço de mercado pelas terras.

Os posseiros interessados em adquirir as terras precisam ainda atender a algumas condições, entre elas, ter na propriedade sua principal fonte econômica e ter obtido sua posse de forma pacífica até dezembro de 2004.

Após a transferência, o proprietário terá ainda de cumprir certas obrigações, como por exemplo, recuperar áreas que tenham sido degradadas. Pelo Código Ambiental, pelo menos 80% de cada propriedade na Amazônia deve ser preservada.

Qual o objetivo do governo com a MP?
O principal argumento em torno da Medida Provisória 458 é de que a regularização fundiária tornará mais fácil o trabalho de fiscalização e punição a eventuais desmatadores.

O governo diz que as ações de concessão de terras na Amazônia Legal estão interrompidas desde os anos 1980, “o que intensifica um ambiente de instabilidade jurídica, propiciando a grilagem, o acirramento de conflitos agrários e o avanço do desmatamento”.

O argumento é de que, ao transferir definitivamente essas propriedades aos posseiros, os órgãos de fiscalização poderão identificar e responsabilizar essas pessoas, caso seja constatado algum crime ao meio ambiente.

De acordo com as estimativas do governo, há 67 milhões de hectares de terras da União sob tutela de pessoas que não têm a documentação desses imóveis. Essa área representa 13,4% da Amazônia Legal e corresponde a pouco mais do que os Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro juntos.

Estima-se ainda que 300 mil famílias, em 172 municípios, possam ser beneficiadas com a Medida Provisória.

Quais são os pontos polêmicos da Medida?
Alguns pontos do texto original da MP 458 já vinham sendo alvo de críticas dos ambientalistas. No entanto, foram as mudanças inseridas pelos deputados, durante a tramitação do tema na Câmara, que levantaram maiores polêmicas.

Um dos pontos incluídos previa a transferência da posse não apenas a pessoas físicas, mas também a empresas.

Além disso, a Câmara havia ampliado o direito de posse a pessoas que não vivem na propriedade. Ou seja, pessoas que têm a posse, mas que exploram a terra por meio de prepostos (terceirizados ou empregados).

Os dois artigos, no entanto, foram vetados pelo presidente Lula. Em sua justificativa, o presidente disse que “não há dados que permitam aferir a quantidade e os limites das áreas ocupadas que se enquadram nessa situação”.

Um outro ponto polêmico, também incluído pelos parlamentares, foi mantido pelo presidente: os imóveis acima de 400 hectares poderão ser vendidos depois de três anos. Pelo texto original, esse prazo era de 10 anos.

A medida terá algum impacto ambiental?


MP prevê a regularização de terras na Amazônia Legal
A MP 458 trata da regularização fundiária, mas um dos principais objetivos do governo com as novas regras é permitir maior controle sobre essas propriedades e, em consequência, sobre o desmatamento.

O governo espera que, com a regularização da posse, os órgãos responsáveis possam melhor identificar eventuais crimes ambientais. Dentre outras obrigações, os proprietários terão de cumprir a legislação ambiental, preservando 80% de suas terras.

No entanto, o pesquisador Paulo Barreto, da ONG Imazon, diz que a regularização fundiária – da forma como proposta pelo governo – pode ter um efeito contrário.

Barreto diz que a transferência das terras a preço abaixo do valor de mercado ou até de graça, como no caso das terras de até 100 hectares, significa um “estímulo” para novas invasões e a devastação no futuro.

“A medida pode até resolver um problema prático, de curto prazo, mas cria estímulos que são negativos. Fica a mensagem de que a invasão de terras e o desmatamento sempre serão anistiados”, diz.

Segundo ele, essa não é a primeira vez que o governo faz concessão de terras. “Ou seja, é um procedimento que vem se repetindo e que acaba estimulando as derrubadas e a impunidade”, diz.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/06/090623_mp458_fa_cq.shtml

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Impacto de cometas não destruiria vida na Terra


CHICAGO, EUA (AFP) - A eventual queda de um cometa sobre a Terra provavelmente não causaria a extinção da vida, como temem algumas pessoas, segundo um estudo divulgado nesta quinta-feira.

Astrônomos da Universidade de Washington realizaram uma simulação com a ajuda de computadores para estudar a evolução de nuvens de cometas no sistema solar nos últimos 1,2 bilhão de anos.

Os cientistas estudaram especificamente a nuvem de Oort, um resíduo da nebulosa que deu lugar à formação de nosso Sistema Solar, e que conteria bilhões de cometas.

"Nos últimos 25 anos, o interior da nuvem de Oort foi considerado uma região misteriosa e desconhecida do Sistema Solar, capaz de provocar explosões de corpos (celestes) que poderiam erradicar a vida na Terra", indicou o autor do estudo, Nathan Kaib.

A simulação, no entanto, mostrou que a Terra provavelmente foi atingida por cometas grandes o suficiente para causar danos consideráveis apenas duas ou três vezes nos últimos 500 milhões de anos.

É possível que estes cometas tenham colaborado para a extinção registrada no fim do Eoceno - um acontecimento "menor", segundo os critérios evolutivos -, que aconteceu há cerca de 40 milhões de anos.

Para Kaib, se isto de fato ocorreu, foi a chuva de cometas mais intensa desde os primeiros fósseis.
A baixa frequência "transforma estes fenômenos em uma causa pouco provável de outros episódios de extinção", concluíram os cientistas em seu trabalho, publicado na revista Science.

http://br.noticias.yahoo.com/s/afp/090730/saude/eua_ci__ncia_astronomia

domingo, 3 de maio de 2009

A idade do gelo




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A Idade do Gelo ou Era Glacial é a designação dada ao período em que a Terra se encontra com uma atmosfera composta por uma quantidade muito elevada de água (humidade excessivamente elevada do ar), quando tem os seus ajuntamentos de água bastante ampliados (chegando a atingir a própria atmosfera da Terra), mantendo assim uma temperatura muito baixa (por isso também chamada Idade do Gelo), diminuindo o nível dos oceanos e gerando condições de vida bastante inóspitas.

Os indícios da existência dessa Era são bastantes evidentes até mesmo para as nossas épocas. A existência de fósseis de animais extintos, como dinossauros (animais répteis), e certas características em animais sobreviventes nos períodos actuais mostram fortemente os indícios da sua existência.

Segundo levantamentos feitos por estudiosos, o fim do período da Era Glacial é dado pela mudança da humidade atmosférica, fazendo com que se dê uma diminuição da quantidade de água existente no ar (queda da humidade relativa do ar), gerando assim o um acúmulo maior das águas nos oceanos e o aquecimento a nível global.

Durante os últimos milhões de anos houve várias Eras Glaciais, ocorrendo com frequências de 40.000 a 100.000 anos, entre as quais se destacam:
Glaciação de Gunz - há cerca de 700 mil anos
Glaciação Mindel - há cerca de 500 mil anos
Glaciação Riss - há cerca de 300 mil anos
Glaciação Wurm - há cerca de 150 mil anos
Tentando "prevenir-se" desta vez de uma nova Era Glacial (ou tentando retardá-la), o planeta, pela acção do Homem, está aquecendo-se lentamente, ao contrário do que precedeu outras Eras de Gelo. Nestes 100 anos de aquecimento o clima tem-se adaptado sem maiores alterações, acomodando-se às novas variáveis (CO², O³, fuligem, desmatamento, represas, etc.).

O impacto da actual civilização sobre o planeta é bem menor que o impacto de um meteoro, como aquele que supostamente provocou a extinção dos grandes répteis. De facto, estaríamos em vésperas de uma nova Era Glacial, já que em média o planeta experimenta 10.000 anos de Era Quente a cada 90.000 anos de Era de Gelo.

O ancestral humano deste período é denominado homem de Cro-Magnon (o Cro-Magnon são os restos mais antigos conhecidos na Europa de (Homo sapiens sapiens), a subespécie à qual pertencem todos os humanos modernos), que convivia com espécies animais já extintas, como os mamutes, os leões das cavernas e os cervos gigantes, entre outros.

O Ser Humano dispersa uma infinidade de espécies pela superfície do planeta: plantas, animais domésticos, etc. Em jardins zoológicos, parques, jardins domésticos, criações e plantações, espécies que nunca teriam saído por conta própria das suas origens, só o fizeram pela mão do Homem...
fonte: topazio1950.blogs.sapo.pt/199485.html

domingo, 12 de abril de 2009

Crânios provam corrente evolutiva



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De onde viemos
Crânios provam corrente evolutiva
É fato: os homens modernos surgiram há 200 mil anos. Mas, durante a maior parte desse período, nós não estivemos sozinhos. Pensa que os Homo sapiens não tinham companhia? Na verdade, convivemos com várias outras espécies de humanos. Veja aqui alguns vestígios de nossa origem e da extinção delas.

1848 - Neandertal

Na pedreira de um presídio de Gibraltar foi encontrado o primeiro crânio intermediário entre o macaco e o homem. O diretor de lá, Frederick Brome, era um colecionador de ossos. Para isso, obrigava os detentos a procurá-las.

1856 - Neandertal 2

O crânio de Gilbraltar não havia sido nem analisado quando uma outra ossada, de 70 mil anos, foi encontrada por mineiros em uma caverna no vale do Neander, Alemanha. Um antropólogo, Johann Fuhlrott, concluiu que era de um velho Homo sapiens e o batizou com o nome do vale. Mas a classificação do Neandertal como um Homo sapiens continua no centro de uma acirrada discussão.

1891 - Homo erectus

O elo perdido entre o Neandertal e o Homo sapiens foi achado na Indonésia por um médico fascinado pela teoria da evolução de Darwin, Eugene Dubois. O Homo erectus, ancestral das duas espécies, viveu entre 1,6 milhão e 250 mil anos atrás.

1924 - Criança de Taung

Darwin e sua teoria da evolução afirmavam que a origem humana estava na África. Mas isso só foi aceito quando um professor de anatomia, Raymond Dart, encontrou na região de Taung, África do Sul, uma ossada mais antiga que a de Dubois, com 2,5 milhões de anos. O Australopithecus africanus tinha 4 anos de idade ao morrer.

1960 - Homo habilis

Também na África foi achada a ligação entre o Australopithecus africanus e o Homo erectus. Quem descobriu a ossada foi o casal Louis e Mary Leakey, na Tanzânia. Era parecido como o Homo erectus, mas andava curvado, como o Australopithecus.

1973 - Lucy

A “primeira família do mundo” é da Etiópia. Descoberta pela equipe do americano Donald Johanson, é composta de 13 vestígios de indivíduos que teriam vivido entre 3,9 e 2,9 milhões de anos atrás. Os ossos foram catalogados como Australopithecus afarensis. A ossada mais completa, que tinha 40% do esqueleto, ficou famosa: é de Lucy.

1997 - Luzia

O crânio do primeiro Homo sapiens da América tem 11 mil anos e é brasileiro. Foi achado em Lagoa Santa (MG), mas passou duas décadas guardado em um armário. Em 1997, depois de reconstituir o rosto do ancestral, o pesquisador Walter Neves concluiu que os primeiros americanos tinham traços negróides – eram mais parecidos com africanos ou australianos que com os índios.

2000 - O migrante

Surgiu em ruínas medievais da Geórgia o crânio mais antigo de um ancestral fora da África. Ele teria vivido há 1,7 milhão de anos, mesma época do Australopithecus e do Homo habilis.

2002 - Os mais velhos

Ainda em 2000, a velha Lucy perdeu seu trono de mais velha do mundo, ao ser encontrada no Quênia uma ossada de 6 milhões de anos. Dois anos depois, outra grande descoberta. Michel Brunet descobriu no Chade um crânio de 7 milhões de anos. A espécie foi chamada de Sahelanthropus tchadensis.

2004 - Hobbit

Outro gênero humano foi descoberto em 2004, na Indonésia. Com 1 metro de altura e cérebro do tamanho de uma maçã, foi comparado aos hobbits do filme O Senhor dos Anéis. Descendente do Homo erectus assim como o Homo sapiens, foi chamado de Homo floresiensis.

Língua solta: a expansão dos idiomas



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Língua solta: a expansão dos idiomas

Como o surgimento de civilizações díspares, a expansão de impérios e a abertura de rotas de comércio influenciaram na evolução de idiomas pelo planeta
por Daniel Azevedo
Com vocês, os Pierres Roulantes! Não fosse uma briga de cabeças coroadas no século 13, Mick Jagger, Keith Richards, Ron Wood e Charlie Watts poderiam ter o nome de sua banda Rolling Stones, que transformou a língua ao lado no maior ícone da música pop mundial, grafado em francês. Isso mesmo: no idioma de Baudelaire e não na língua de Oscar Wilde. Há 700 anos, a Inglaterra perdeu para a França extensas possessões no continente europeu. De birra, a corte fez do uso da língua inglesa uma reação patriótica contra a França. Até então, o inglês era coisa de camponeses , desdenhada pela literatura e imprestável para os registros do reino por ser considerada pouco elegante e carente de vocabulário para expressar idéias elevadas. Entre os nobres, o francês era o idioma oficial.

William Shakespeare seria um dos primeiros a redimir a língua materna ao escrever 37 peças teatrais com um vocabulário de mais de 30 mil palavras. Mas o triunfo do inglês se daria mesmo a partir do século 19, enquanto a Inglaterra se consolidava como império colonial. A supremacia da Inglaterra é coisa do passado, mas o idioma de Shakespeare se firma como língua ubíqua e já é falado por cerca de 1,5 bilhão de pessoas.

Quem se aventura por livros sobre a história dos idiomas dificilmente depara com relatos assim. Invariavelmente encontra obras áridas, de teor puramente técnico, destinadas a lingüistas, filólogos e especialistas do gênero. Lançado na Espanha, o livro Historia de las Lenguas del Mundo (“História das línguas do mundo”, sem versão em português) contraria essa tendência e cai no gosto dos leigos. Ao mesmo tempo que informa como se deu a evolução da linguagem entre a espécie humana e expõe as áreas de influência de 600 idiomas, o autor, o historiador e geógrafo Antonio Caridad Salvador, inclui no livro curiosidades como em que língua Cleópatra, fluente em vários idiomas, falava com o imperador Júlio César, ou, ainda, em que idioma se comunicava Jesus Cristo.

Uma das teses expostas na obra é a de que o surgimento da linguagem antecede o aparecimento do Homo sapiens (entre 160 mil e 200 mil anos). Antonio Caridad Salvador defende que, há 2 milhões de anos, já existiam idiomas rudimentares graças às semelhanças anatômicas entre os hominídeos bípedes e nós. Ter o corpo apoiado sobre duas pernas – e as conseqüências morfológicas decorrentes, como o descenso da laringe – foi fundamental para desenvolver as capacidades de emitir sons variados.

As palavras emitidas nos tempos pré-históricos se perderam no ar. A história mudou – ou melhor, começou – mais ou menos 5 mil anos antes de Cristo, com a invenção da escrita. Pelo estudo de registros que remontam àquela época, os filólogos puderam fazer uma espécie de “árvore genealógica das línguas”. Assim, dividiram-nas em 17 famílias. As mais faladas são as da família indo-européia (que inclui o português e o russo, passando pelo inglês e o alemão) e da sino-tibetana (com o chinês e o malaio, entre outras). As pesquisas também derrubaram o dogma segundo o qual todas as línguas eram derivadas do hebreu antigo. Uma tese que foi abraçada até pelo filósofo alemão Gottfried Leibniz (1646-1716), em escritos datados de 1710.

Apesar do esforço dos estudiosos, ainda há mistérios a desvendar. O japonês, o basco, o coreano e o tarasco (México central) são línguas isoladas, não têm parentesco com nenhuma outra. Ainda assim, sofrem influências. Há quem sustente que a palavra japonêsa “arigatô” vem do nosso “obrigado”, graças ao contato entre portugueses e japoneses ocorrido no século 16. O japonês atualmente falado nas quatro grandes ilhas e centenas de ilhotas do arquipélago tem cerca de 10% do vocabulário adaptado de palavras tomadas dos povos com os quais teve contato.

As idas e vindas dos homens tiveram mesmo importante papel na evolução das línguas. Invasões, guerras e abertura de rotas de comércio foram situações propícias ao aprendizado de uma segunda ou terceira língua. O grego, o persa, o chinês e o latim são exemplos de línguas que reinaram na Antiguidade. Bem como português, espanhol e francês, no tempo da expansão marítima. Detalhe: por essa época, o latim ainda corria solto. Em latim eram as cartas escritas pelos reis Fernando e Isabel, da Espanha, e entregues a Cristóvão Colombo para eventuais encontros com soberanos de terras desconhecidas. Também na língua do Lácio, o coração do Império Romano, eram os livros do cientista inglês Isaac Newton, em pleno século 17. A predileção era comum entre eruditos que versassem sobre temas como filosofia e química e que quisessem garantir a compreensão de suas idéias. Escrever na língua materna era condenar seu trabalho ao esquecimento. A primazia nas terras européias fez com que o latim figurasse entre os idiomas que mais deram frutos. Dele derivam as línguas ditas romances, ou seja, com raiz no latim. Português, italiano, romeno, espanhol, córsego e catalão são originárias do latim.

A preponderância de uma língua por longos séculos e em extensas áreas contrasta com uma imensa variedade de dialetos de grupos diminutos. Entre os países que têm maior número de idiomas vivos estão Papua Nova Guiné (817), Indonésia (717) e Nigéria (470). A África é o continente com maior diversidade: por lá há 2 035 línguas e dialetos. No Báltico, a pequena Lituânia abriga uma comunidade de 535 pessoas que falam o karaim. A tendência é a de que o dialeto desapareça. As línguas, lembra o autor de Historia de las Lenguas del Mundo, têm um ciclo de vida com começo e fim. Preservá-las, sugere, é respeitar a diversidade.

Em tempo: Cleópatra e Júlio César conversavam em grego e Jesus Cristo se comunicava em aramaico.



Mundo de vozes
Em respeito à diversidade cultural, a ONU adota seis idiomas como oficiais
A mais bela

Enquanto atuou no futebol, Zinédine Zidane foi um dos melhores jogadores do mundo. Nascido em Marselha, na França, ele se destacou pela bela visão de jogo e como driblador elegante (apesar da famosa cabeçada). Elegância no futebol, elegância no falar. A língua de Zidane é oficial em 31 países e é falada na Argélia, terra de seus pais. A fama do francês vem de longe. No século 18 virou língua da diplomacia. O prestígio avançou pelo século 20 e o idioma ainda é utilizado na administração da ONU.

Filha do deserto

Mais de 350 milhões de pessoas falam o árabe em países espalhados do oceano Atlântico até o Iraque. Fora dialetos locais, o idioma é mais ou menos o mesmo em todos os lugares. Assim, Yasser Arafat, ao defender a causa palestina, tornou-se liderança reconhecida nessa extensa faixa do planeta. Seu esforço lhe valeu o Nobel da Paz de 1994, que dividiu com Ytzak Rabin e Shimon Peres. Idioma de 22 países, o árabe também é oficial na ONU por causa da importância cultural dos povos do Islã.

Idioma feijão-com-arroz

A rainha Elizabeth II já não é tão poderosa como sua antepassada, Vitória, cujos domínios eram extensos a ponto de seus súditos cunharem a frase “no Império Inglês o sol jamais se põe”. Mas a soberana reinante tem a satisfação de ver sua língua no domínio do globo. O inglês é o idioma oficial em maior número de países: 51. Além disso, estão escritos em inglês mais de 70% do conteúdo gerado em internet, 50% das publicações científicas e 75% do correio mundial.

Poder oriental

Bao Xishum, 2,36 metros, é uma espécie de símbolo de um lugar onde tudo é macro. O homem mais alto do mundo mora na China, país com a economia que mais cresce no planeta, que é terceiro maior em extensão territorial, que tem a mais numerosa população do globo, 1,3 bilhão de pessoas. É por isso que o mandarim ou chinês é a língua que bate o inglês no quesito quantidade de bocas a emitir seus vocábulos. E aqui vai outro exagero: enquanto o alfabeto latino tem 26 letras, o mandarim conta com mais de 15 mil ideogramas.

A língua dos fortes

Vladimir Putin é popular na Rússia porque tirou o país do fundo do poço depois do colapso do regime comunista. Com mão de ferro, recolocou a economia nos trilhos. Foi também na marra que o idioma russo foi imposto por Josef Stálin a todos os Estados que formavam a extinta URSS. É de forma paulatina e pacífica, porém, que acontece algo de novo com a língua russa: a incorporação de influências do inglês, em termos relativos à economia, aos negócios e à tecnologia.

Nuestra lengua hermana

Uma das atrizes espanholas de maior projeção internacional na atualidade, Penélope Cruz tem como idioma nativo uma língua em plena expansão. O espanhol é uma das línguas da globalização. Da Espanha, ganhou boa parte das Américas. Nos Estados Unidos, já é o segundo idioma mais falado principalmente por causa de imigrantes do México. No censo, dois sobrenomes hispânicos – García e Rodríguez – apareceram pela primeira vez na lista dos dez mais comuns em solo americano.

A última flor do Lácio

No século 16, o português era língua franca entre ingleses, franceses e espanhóis em portos e regiões da África e da Índia. Era chamado “língua doce” por facilitar a expressão em prosa e verso de talentos como Luís de Camões. O português teve influências celtas, visigodas, suevas e, depois, francesas, árabes, africanas, indianas e indígenas. Uma reforma ortográfica, prevista para 2010, nos oito países que têm o português como idioma oficial, prevê a unificação da escrita.


Eu, tu, ele, nós
Os dez idiomas mais falados e influentes do planeta
1. Chinês

2. Inglês

3. Hindustânico

4. Espanhol

5. Russo

6. Árabe

7. Bengali

8. Português

9. Malaio/Polinésio

10. Francês


Saiba mais
OBRA

Historia de las Lenguas del Mundo, Antonio Caridad Salvador, Ronsel, 2006 R$ 32 329 págs.
fonte:http://historia.abril.com.br/cultura/conteudo_595559.shtml