quinta-feira, 29 de julho de 2010

A inversão dos polos magnéticos da Terra

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Os pólos magnéticos da Terra passam por inversões: de vez em quando, o que é norte vira sul, e vice-versa


A dança do magnetismo terrestre, artigo de Marcelo Gleiser


Marcelo Gleiser é professor de física teórica do Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro "O Fim da Terra e do Céu". Artigo publicado na “Folha de SP”:

Em suas notas autobiográficas, Einstein conta como ele ganhou uma bússola de presente de seu pai quando tinha cinco anos: "Ainda me lembro ou acredito que me lembro que essa experiência causou um profundo efeito sobre mim. Algo de fundamental tinha de estar escondido por trás das coisas".

A bússola de Einstein, como qualquer outra, apontava para o norte, independentemente de onde estivesse: o metal da agulha tende a se alinhar com o campo magnético da Terra, que corre na direção norte-sul. Essa observação, tão óbvia quanto a volta do Sol a cada dia, que marinheiros e pássaros usam para se orientar em suas viagens, não tem nada de trivial.

O fato de a Terra ser um gigantesco ímã se deve a uma confluência de fatores, que só agora começam a ser entendidos. Dentre as descobertas relativamente recentes, a mais chocante é a de que os pólos magnéticos da Terra -quase alinhados com seus pólos geográficos (daí a utilidade da bússola)- passam por inversões: de vez em quando, o que é norte vira sul, e vice-versa. A questão é quando será a próxima.

A última inversão de polaridade ocorreu há 780 mil anos, bem mais tempo do que a média de 250 mil anos. Por alguma razão, os intervalos entre elas vêm encolhendo nos últimos 120 milhões de anos. Sabemos disso porque cada inversão deixa uma assinatura nas rochas magnéticas, suscetíveis a mudanças de orientação do magnetismo terrestre quando aquecidas.

Ao resfriarem, mantêm a nova orientação, reproduzindo no tempo a coreografia dos pólos magnéticos. Portanto, a próxima inversão está bem atrasada. Vivemos num período de relativa estabilidade que não durará para sempre. E os primeiros sinais estão já aparecendo.

Dados colhidos por satélites em 1980 e em 1999 mostram que ilhas de polaridade oposta no campo magnético terrestre estão crescendo. Imagine uma bola de futebol com o hemisfério sul pintado de azul e o norte de vermelho.

As medidas indicam que dentro da região vermelha existem manchas azuis, e vice-versa, e que essas manchas aumentaram nos últimos 20 anos. A suspeita é que elas sejam os precursores da próxima inversão. O campo magnético terrestre se reduziu em 10% desde 1830.

O centro da Terra é uma esfera de metal líquido, principalmente ferro, com volume seis vezes maior que o da Lua inteira. Devido à enorme pressão exercida pela crosta e pelo manto, 2 milhões de vezes maior no centro do que na superfície, a temperatura lá chega a 5.000 C, comparável à superfície do Sol.

Como em uma sopa, bolhas de metal mais quente e, portanto, menos denso, tendem a subir. Na subida, elas se resfriam e voltam a afundar. Esse processo, chamado de convecção, transporta calor do centro da Terra para a região entre o centro e o manto. O metal líquido conduz eletricidade.

Quando adicionamos a rotação da Terra, temos uma esfera de metal líquido e borbulhante girando, essencialmente um gerador elétrico, ou dínamo. Em geradores comuns, o que gira são fios metálicos que transportam corrente. Desse movimento nasce um campo magnético que varia ao longo do tempo. A Terra é um gigantesco dínamo.

Sua corrente muda ocasionalmente de direção, invertendo a polaridade de seu campo magnético.

Simulações em computadores e experimentos em laboratório têm ajudado no estudo das inversões. Um satélite internacional está tomando novas medidas. Mesmo assim, não podemos ainda prever quando a próxima irá ocorrer. No meio tempo, é bom ficar de olho nos pássaros e nas bússolas.



Gráfico que mostra as inversões de polaridade da Terra a o longo dos últimos 160 milhões de anos




(Folha de SP, 17/7)

FONTE: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=29881

A FORÇA DE CORIOLIS

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FORÇA DE CORIOLIS


Contrariando o costume desta seção de evitar fórmulas e equações, começaremos logo mostrando a expressão que descreve a força de Coriolis:

F = 2 m v w

Não desanime. Essa fórmula será apenas para dar o pontapé inicial em nossa explicação da força de Coriolis, que procuraremos mostrar da forma mais gráfica possível. Antes, porém, vamos logo falar de algumas propriedades da força de Coriolis que serão comentadas com detalhes nas páginas seguintes.

A força de Coriolis só age sobre corpos que estão em movimento.

Quem está parado em seu canto não sofre a ação da força de Coriolis. Aquele v na fórmula da força de Coriolis indica a velocidade do objeto. Se v = 0, isto é, se o objeto está em repouso, a força de Coriolis será nula.

A força de Coriolis só age sobre corpos que estão em sistemas girantes.

Nós, por exemplo, estamos em um sistema girante, a Terra, que gira em torno de seu próprio eixo Norte-Sul dando uma volta completa cada 24 horas. Logo, sempre que nos movimentamos somos candidatos a sofrer a ação da força de Coriolis. Aquele w na expressão acima representa a velocidade de rotação do sistema. No caso da Terra, essa velocidade é de uma volta por dia. Se a Terra não estivesse girando, w seria zero e não haveria força de Coriolis agindo sobre os corpos que se movem em sua superfície.

A força de Coriolis não existe realmente.

Essa é de lascar, diz você. Depois de dar algumas propriedades da força de Coriolis e até uma respeitável fórmula matemática, como é que ela não existe?

Bem, ela não existe mas parece existir. Essa força é do tipo que os físicos chamam de "força fictícia", uma "não-força" que parece ser real para quem está sobre sistemas girantes. Vamos tentar esclarecer essa afirmação.

Carrosséis e bolinhas.

O exemplo clássico que é usado para ilustrar o surgimento da tal força de Coriolis envolve um carrosel (que é o sistema girante) e uma bolinha que se desloca sobre o carrossel que gira. Por simplicidade, consideraremos que a superfície do carrossel é bastante lisa e polida de modo que qualquer bolinha pode deslisar sobre ela sem nenhum impedimento. Em termos mais técnicos, o atrito entre a bolinha e a superfície do carrossel é zero.
A animação da esquerda mostra a bolinha saindo do centro e se deslocando em linha reta para a periferia do carrossel. Podemos imaginar que alguém (Eduardo) que está no centro lança a bolinha na direção de outra pessoa (Mônica) que está na borda do carrossel. Enquanto a bolinha segue seu trajeto retilíneo, obedecendo a lei da inércia (já que não há forças sobre ela), Mônica se desloca acompanhando o movimento giratório do carrossel. Desse modo, a bolinha alcança a borda do carrossel em um ponto à esquerda de Mônica.

A animação da direita mostra o mesmo episódio do ponto de vista de Mônica ou Eduardo. Durante todo o processo, ambos permanecem de frente, um para a outra, nariz apontando para nariz. Já a bolinha, segue uma trajetória que encurva para a esquerda de Mônica e a direita de Eduardo. A interpretação de ambos, usando a lei da inércia, é natural: "se a bolinha desviou, seguindo uma trajetória curva, deve haver alguma força agindo sobre ela". Essa força, que é outra manifestação de uma "força fictícia", é chamada de força de Coriolis, em homenagem ao cidadão que primeiro escreveu aquela expressão que vimos adiante.


Um carrossel é um sistema girante e qualquer pessoa (como Eduardo e Mônica que estão sobre ele) sabe quando está em um sistema girante. Basta olhar de lado e ver as pessoas e objetos que estão fora do carrossel. Essa constatação não é tão trivial quando o sistema girante é muito grande, como o planeta Terra onde todos nós vivemos. A gente sabe que a Terra gira porque acreditamos no que disse Copérnico. Mas, antes de Copérnico, todo mundo achava que a Terra estava parada e o Sol, a Lua e as estrelas giravam em torno dela dando uma volta completa cada dia. Vamos ver, na página seguinte, como essas duas interpretações divergentes levam ao surgimento da "força de Coriolis" sobre objetos que se deslocam sobre a Terra.

O efeito Coriolis no planeta Terra.

Agora que você entendeu porque a bolinha "parece" se desviar de sua trajetória retilínea, quando vista por alguém que está em um sistema girante como um carrossel, vamos mostrar como algo semelhante acontece com um objeto que se desloca em um grande sistema girante, o planeta Terra.
Imagine que um satélite artificial é lançado do pólo norte na direção do pólo sul. Se a Terra não girasse, esse satélite seguiria uma órbita sempre acima do mesmo meridiano terrestre. No entanto, a Terra gira de oeste para leste, dando uma volta em torno de si mesma em um dia. A animação da esquerda mostra um satélite indo do pólo norte ao equador em 3 horas. Durante esse tempo, a Terra gira de 45 graus (um oitavo de volta). A interpretação desse fato, para alguém que vê tudo de fora da Terra, é que a órbita do satélite é uma circunferência em um plano fixo porque a única força sobre ele é a gravidade. E, como a força da gravidade sempre aponta para o centro da Terra, não poderia desviar a trajetória do satélite para fora desse plano fixo.

A animação da direita mostra a mesma trajetória vista por alguém que está parado sobre a Terra. Esse outro observador vê o satélite se desviando para o oeste, como se alguma força o empurrasse para o lado. Teimando em dizer que a Terra está fixa, esse seguidor de Ptolomeu afirma que alguma força misteriosa desvia o satélite e, na falta de melhor nome, chama-a de "força de Coriolis".

Uma das consequências mais espetaculares da "força de Coriolis" na atmosfera da Terra é o movimento giratório dos furacões que costumam perturbar a vida dos habitantes do hemisfério norte. A foto ao lado mostra o furacão Dora sobre o Pacífico Sul, em 1999.
As grandes massas de ar que se deslocam nesses furacões , às vezes em grandes velocidades, formam enormes círculos em torno de uma região de baixa pressão, o chamado "olho" do furacão. No hemisfério norte esses movimentos são no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio. Quando os ventos se deslocam na direção da região de baixa pressão (representada pela área azul da figura) a força de Coriolis faz com eles se desviem para a direita. Comparando com a animação do satélite você pode ver a razão dessa tendência direitista.

No hemisfério sul um furacão deveria girar no sentido horário. Mas, para sorte nossa, por alguma razão meteorológica, quase não existem furacões no nosso hemisfério.
Será que dá para ver esse efeito na água que escoa pelo ralo de uma pia? Quando eu era estudante meu professor disse que dava e disse mais: no hemisfério norte a água escoa no sentido anti-horário e no hemisfério sul, no sentido horário. Segundo ele, essa era uma manifestação inequívoca do efeito Coriolis. Na próxima página comentaremos essa afirmativa.

O efeito Coriolis na pia do banheiro.

Infelizmente, meu professor estava errado. Não dá para comprovar os efeitos da força de Coriolis em uma pia, nem se a gente estiver usando uma pia em um dos pólos da Terra. A força de Coriolis, como vimos naquela fórmula do início, depende diretamente da velocidade angular da Terra em torno de seu eixo. Essa velocidade é muito pequena, 1 volta por dia. Fazendo as devidas transformações, isso equivale a cerca de 7 x 10-5 rd/seg. Usando a fórmula para 1 kg de água escoando com velocidade de 1 m/s (bem grande, portanto), a gente acha uma forcinha de apenas 10-4 N (0,0001 N) que é semelhante ao peso de um grão de poeira. Portanto, bastariam alguns grãos de poeira na água para baldear por completo a influência da força de Coriolis.
Se você fizer uma experiência na pia de seu banheiro (faça!) verá que a água pode escoar no sentido horário, no anti-horário, e pode até mudar de sentido durante o escoamento. Qualquer sugeirinha, qualquer vibração, qualquer irregularidade na superfície da pia influenciam muito mais o escoamento da água que a pobre força fictícia de Coriolis.

Mesmo assim, além dos furacões, a força de Coriolis tem efeitos bem visíveis na Terra. Os leitos dos rios costumam ser mais fundos em uma das margens do que na margem oposta. Que margem deve ser mais funda aqui no hemisfério Sul? Até os trilhos dos trens, depois de anos de uso, ficam mais gastos de um lado que do outro. Em vôos internacionais de longa duração, os pilotos têm de compensar o efeito da força de Coriolis para não se desviarem de suas rotas. O mesmo vale para satélites, como vimos nas animações anteriores.

FONTE: http://www.seara.ufc.br/tintim/fisica/coriolis/coriolis4.htm

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Radiotelescópios

O SKA (Square Kilometre Array) será o maior radiotelescópio do mundo, 50 vezes mais preciso do que os instrumentos actuais e capaz de descobrir as respostas das principais questões sobre o nosso Universo, incluindo a busca por planetas semelhantes à Terra e potenciais sinais de vida extraterrestre, a descoberta dos primeiros objectos que se formaram, testes de teorias da gravidade e a análise dos mistérios da energia escura.

O núcleo central mostrado na imagem, que ocupará uma área de um milhão de metros quadrados, conterá apenas 20% da área de colecta de informações. Núcleos menores, cada um com 28 antenas, se espalharão a partir desse centro. A 5 km do centro, o SKA terá 50% de sua capacidade instalada, chegando a 75% num raio de 150 km. Os núcleos mais externos, formando um conjunto de 5 braços espiralados, estarão a 3.000 Km do centro.
Os cientistas esperam que o SKA possa começar a ser construído em 2011, o permitiria que as primeiras observações científicas fossem feitas já em 2014. O rádio-telescópio completo só ficará pronto por volta de 2020.
fonte:aosabordamare.blogs.sapo.pt/121223.html

EL NIÑO LA NIÑA

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EL NIÑO LA NIÑA
A INFLUÊNCIA DOS FENÔMENOS CLIMÁTICOS
Um grande influenciador do sistema climático da Terra é representado pela interação entre a superfície dos oceanos a atmosfera. Os processos de troca de energia e umidade entre eles determinam também o comportamento do clima em todo o mundo. Dentre os fenômenos climáticos mais conhecidos, estão o El Niño e a La Niña.

O El Niño representa o aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial. A palavra El Niño é derivada do espanhol, e refere-se a presença de águas quentes que todos os anos aparecem na costa norte de Peru na época de Natal. Os pescadores do Peru e Equador chamaram a esta presença de águas mais quentes de Corriente de El Niño em referência ao Niño Jesus ou Menino Jesus. Já a La Niña é o resfriamento das águas do Oceano Pacífico Equatorial. No entanto, mesmo sendo o oposto do El Niño, não significa que os efeitos sejam opostos.

El Niño e La Niña, quando atuantes, geram conseqüências no tempo e no clima em todo o planeta. Uma maneira de acompanhar a evolução destes fenômenos é observar as mudanças da temperatura da superfície do mar ao longo do ano.
O QUE ACONTECE NA ATMOSFERA EM ANOS NORMAIS


Ventos chamados alísios sopram dos Trópicos para a região da linha do Equador. Estes ventos geram áreas de instabilidade conhecidas por ZCIT - zona de convergência intertropical. A ZCIT oscila para sul ou norte dependendo da época do ano. Estes ventos são responsáveis por movimentar as águas do Ocenao Pacífico. Nos anos normais, os ventos alísios ajudam a manter as águas quentes do Pacífico presas na região da Indonésia. Nestas circunstâncias, o mar aquece o ar, que sobe e forma nuvens de tempestade que precipitam sobre essa região.

O QUE ACONTECE NA ATMOSFERA COM EL NIÑO


Os ventos alísios ficam enfraquecidos. Sem os ventos fortes, todo o Oceano Pacífico Equatorial começa a aquecer, liberando evaporação e formando nuvens com intensas chuvas no Pacífico Equatorial Ocidental. Esta mudança no local da formação destas nuvens gera modificações no padrão de circulação do ar e da umidade na atmosfera, alterando o clima no mundo inteiro. O fenômeno dura de 12 a 18 meses, em média. Em episódios de El Niño, a temperatura da superfície do mar chega a ficar até 4,5ºC acima da média.

EFEITOS DO EL NIÑO NO MUNDO


O QUE ACONTECE NA ATMOSFERA COM LA NIÑA


Os ventos alísios ficam mais intensos, "empurrando" as águas do Pacífico para o Pacífico Equatorial Oeste, onde ficam mais quentes. Por consequência, próximo à costa do Peru as águas ficam mais frias, e a evaporação e formação de chuvas fortes fica concentrada na Indonésia. Tal como o El Niño, a mudança na formação destas nuvens gera modificações no padrão de circulação do ar e da umidade na atmosfera, alterando o clima no mundo inteiro. Em geral, episódios La Niñas têm períodos de aproximadamente 9 a 12 meses. Os valores da temperatura da superfície do mar em anos de La Niña têm desvios menores que em anos de El Niño, ou seja, as maiores anomalias observadas não chegam a 4ºC abaixo da média.

EFEITOS DO LA NIÑA NO MUNDO

Fonte:http://tempoagora.uol.com.br/mclimaticas/mc_elnino_lanina.php