domingo, 12 de abril de 2009

Crânios provam corrente evolutiva



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De onde viemos
Crânios provam corrente evolutiva
É fato: os homens modernos surgiram há 200 mil anos. Mas, durante a maior parte desse período, nós não estivemos sozinhos. Pensa que os Homo sapiens não tinham companhia? Na verdade, convivemos com várias outras espécies de humanos. Veja aqui alguns vestígios de nossa origem e da extinção delas.

1848 - Neandertal

Na pedreira de um presídio de Gibraltar foi encontrado o primeiro crânio intermediário entre o macaco e o homem. O diretor de lá, Frederick Brome, era um colecionador de ossos. Para isso, obrigava os detentos a procurá-las.

1856 - Neandertal 2

O crânio de Gilbraltar não havia sido nem analisado quando uma outra ossada, de 70 mil anos, foi encontrada por mineiros em uma caverna no vale do Neander, Alemanha. Um antropólogo, Johann Fuhlrott, concluiu que era de um velho Homo sapiens e o batizou com o nome do vale. Mas a classificação do Neandertal como um Homo sapiens continua no centro de uma acirrada discussão.

1891 - Homo erectus

O elo perdido entre o Neandertal e o Homo sapiens foi achado na Indonésia por um médico fascinado pela teoria da evolução de Darwin, Eugene Dubois. O Homo erectus, ancestral das duas espécies, viveu entre 1,6 milhão e 250 mil anos atrás.

1924 - Criança de Taung

Darwin e sua teoria da evolução afirmavam que a origem humana estava na África. Mas isso só foi aceito quando um professor de anatomia, Raymond Dart, encontrou na região de Taung, África do Sul, uma ossada mais antiga que a de Dubois, com 2,5 milhões de anos. O Australopithecus africanus tinha 4 anos de idade ao morrer.

1960 - Homo habilis

Também na África foi achada a ligação entre o Australopithecus africanus e o Homo erectus. Quem descobriu a ossada foi o casal Louis e Mary Leakey, na Tanzânia. Era parecido como o Homo erectus, mas andava curvado, como o Australopithecus.

1973 - Lucy

A “primeira família do mundo” é da Etiópia. Descoberta pela equipe do americano Donald Johanson, é composta de 13 vestígios de indivíduos que teriam vivido entre 3,9 e 2,9 milhões de anos atrás. Os ossos foram catalogados como Australopithecus afarensis. A ossada mais completa, que tinha 40% do esqueleto, ficou famosa: é de Lucy.

1997 - Luzia

O crânio do primeiro Homo sapiens da América tem 11 mil anos e é brasileiro. Foi achado em Lagoa Santa (MG), mas passou duas décadas guardado em um armário. Em 1997, depois de reconstituir o rosto do ancestral, o pesquisador Walter Neves concluiu que os primeiros americanos tinham traços negróides – eram mais parecidos com africanos ou australianos que com os índios.

2000 - O migrante

Surgiu em ruínas medievais da Geórgia o crânio mais antigo de um ancestral fora da África. Ele teria vivido há 1,7 milhão de anos, mesma época do Australopithecus e do Homo habilis.

2002 - Os mais velhos

Ainda em 2000, a velha Lucy perdeu seu trono de mais velha do mundo, ao ser encontrada no Quênia uma ossada de 6 milhões de anos. Dois anos depois, outra grande descoberta. Michel Brunet descobriu no Chade um crânio de 7 milhões de anos. A espécie foi chamada de Sahelanthropus tchadensis.

2004 - Hobbit

Outro gênero humano foi descoberto em 2004, na Indonésia. Com 1 metro de altura e cérebro do tamanho de uma maçã, foi comparado aos hobbits do filme O Senhor dos Anéis. Descendente do Homo erectus assim como o Homo sapiens, foi chamado de Homo floresiensis.

Língua solta: a expansão dos idiomas



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Língua solta: a expansão dos idiomas

Como o surgimento de civilizações díspares, a expansão de impérios e a abertura de rotas de comércio influenciaram na evolução de idiomas pelo planeta
por Daniel Azevedo
Com vocês, os Pierres Roulantes! Não fosse uma briga de cabeças coroadas no século 13, Mick Jagger, Keith Richards, Ron Wood e Charlie Watts poderiam ter o nome de sua banda Rolling Stones, que transformou a língua ao lado no maior ícone da música pop mundial, grafado em francês. Isso mesmo: no idioma de Baudelaire e não na língua de Oscar Wilde. Há 700 anos, a Inglaterra perdeu para a França extensas possessões no continente europeu. De birra, a corte fez do uso da língua inglesa uma reação patriótica contra a França. Até então, o inglês era coisa de camponeses , desdenhada pela literatura e imprestável para os registros do reino por ser considerada pouco elegante e carente de vocabulário para expressar idéias elevadas. Entre os nobres, o francês era o idioma oficial.

William Shakespeare seria um dos primeiros a redimir a língua materna ao escrever 37 peças teatrais com um vocabulário de mais de 30 mil palavras. Mas o triunfo do inglês se daria mesmo a partir do século 19, enquanto a Inglaterra se consolidava como império colonial. A supremacia da Inglaterra é coisa do passado, mas o idioma de Shakespeare se firma como língua ubíqua e já é falado por cerca de 1,5 bilhão de pessoas.

Quem se aventura por livros sobre a história dos idiomas dificilmente depara com relatos assim. Invariavelmente encontra obras áridas, de teor puramente técnico, destinadas a lingüistas, filólogos e especialistas do gênero. Lançado na Espanha, o livro Historia de las Lenguas del Mundo (“História das línguas do mundo”, sem versão em português) contraria essa tendência e cai no gosto dos leigos. Ao mesmo tempo que informa como se deu a evolução da linguagem entre a espécie humana e expõe as áreas de influência de 600 idiomas, o autor, o historiador e geógrafo Antonio Caridad Salvador, inclui no livro curiosidades como em que língua Cleópatra, fluente em vários idiomas, falava com o imperador Júlio César, ou, ainda, em que idioma se comunicava Jesus Cristo.

Uma das teses expostas na obra é a de que o surgimento da linguagem antecede o aparecimento do Homo sapiens (entre 160 mil e 200 mil anos). Antonio Caridad Salvador defende que, há 2 milhões de anos, já existiam idiomas rudimentares graças às semelhanças anatômicas entre os hominídeos bípedes e nós. Ter o corpo apoiado sobre duas pernas – e as conseqüências morfológicas decorrentes, como o descenso da laringe – foi fundamental para desenvolver as capacidades de emitir sons variados.

As palavras emitidas nos tempos pré-históricos se perderam no ar. A história mudou – ou melhor, começou – mais ou menos 5 mil anos antes de Cristo, com a invenção da escrita. Pelo estudo de registros que remontam àquela época, os filólogos puderam fazer uma espécie de “árvore genealógica das línguas”. Assim, dividiram-nas em 17 famílias. As mais faladas são as da família indo-européia (que inclui o português e o russo, passando pelo inglês e o alemão) e da sino-tibetana (com o chinês e o malaio, entre outras). As pesquisas também derrubaram o dogma segundo o qual todas as línguas eram derivadas do hebreu antigo. Uma tese que foi abraçada até pelo filósofo alemão Gottfried Leibniz (1646-1716), em escritos datados de 1710.

Apesar do esforço dos estudiosos, ainda há mistérios a desvendar. O japonês, o basco, o coreano e o tarasco (México central) são línguas isoladas, não têm parentesco com nenhuma outra. Ainda assim, sofrem influências. Há quem sustente que a palavra japonêsa “arigatô” vem do nosso “obrigado”, graças ao contato entre portugueses e japoneses ocorrido no século 16. O japonês atualmente falado nas quatro grandes ilhas e centenas de ilhotas do arquipélago tem cerca de 10% do vocabulário adaptado de palavras tomadas dos povos com os quais teve contato.

As idas e vindas dos homens tiveram mesmo importante papel na evolução das línguas. Invasões, guerras e abertura de rotas de comércio foram situações propícias ao aprendizado de uma segunda ou terceira língua. O grego, o persa, o chinês e o latim são exemplos de línguas que reinaram na Antiguidade. Bem como português, espanhol e francês, no tempo da expansão marítima. Detalhe: por essa época, o latim ainda corria solto. Em latim eram as cartas escritas pelos reis Fernando e Isabel, da Espanha, e entregues a Cristóvão Colombo para eventuais encontros com soberanos de terras desconhecidas. Também na língua do Lácio, o coração do Império Romano, eram os livros do cientista inglês Isaac Newton, em pleno século 17. A predileção era comum entre eruditos que versassem sobre temas como filosofia e química e que quisessem garantir a compreensão de suas idéias. Escrever na língua materna era condenar seu trabalho ao esquecimento. A primazia nas terras européias fez com que o latim figurasse entre os idiomas que mais deram frutos. Dele derivam as línguas ditas romances, ou seja, com raiz no latim. Português, italiano, romeno, espanhol, córsego e catalão são originárias do latim.

A preponderância de uma língua por longos séculos e em extensas áreas contrasta com uma imensa variedade de dialetos de grupos diminutos. Entre os países que têm maior número de idiomas vivos estão Papua Nova Guiné (817), Indonésia (717) e Nigéria (470). A África é o continente com maior diversidade: por lá há 2 035 línguas e dialetos. No Báltico, a pequena Lituânia abriga uma comunidade de 535 pessoas que falam o karaim. A tendência é a de que o dialeto desapareça. As línguas, lembra o autor de Historia de las Lenguas del Mundo, têm um ciclo de vida com começo e fim. Preservá-las, sugere, é respeitar a diversidade.

Em tempo: Cleópatra e Júlio César conversavam em grego e Jesus Cristo se comunicava em aramaico.



Mundo de vozes
Em respeito à diversidade cultural, a ONU adota seis idiomas como oficiais
A mais bela

Enquanto atuou no futebol, Zinédine Zidane foi um dos melhores jogadores do mundo. Nascido em Marselha, na França, ele se destacou pela bela visão de jogo e como driblador elegante (apesar da famosa cabeçada). Elegância no futebol, elegância no falar. A língua de Zidane é oficial em 31 países e é falada na Argélia, terra de seus pais. A fama do francês vem de longe. No século 18 virou língua da diplomacia. O prestígio avançou pelo século 20 e o idioma ainda é utilizado na administração da ONU.

Filha do deserto

Mais de 350 milhões de pessoas falam o árabe em países espalhados do oceano Atlântico até o Iraque. Fora dialetos locais, o idioma é mais ou menos o mesmo em todos os lugares. Assim, Yasser Arafat, ao defender a causa palestina, tornou-se liderança reconhecida nessa extensa faixa do planeta. Seu esforço lhe valeu o Nobel da Paz de 1994, que dividiu com Ytzak Rabin e Shimon Peres. Idioma de 22 países, o árabe também é oficial na ONU por causa da importância cultural dos povos do Islã.

Idioma feijão-com-arroz

A rainha Elizabeth II já não é tão poderosa como sua antepassada, Vitória, cujos domínios eram extensos a ponto de seus súditos cunharem a frase “no Império Inglês o sol jamais se põe”. Mas a soberana reinante tem a satisfação de ver sua língua no domínio do globo. O inglês é o idioma oficial em maior número de países: 51. Além disso, estão escritos em inglês mais de 70% do conteúdo gerado em internet, 50% das publicações científicas e 75% do correio mundial.

Poder oriental

Bao Xishum, 2,36 metros, é uma espécie de símbolo de um lugar onde tudo é macro. O homem mais alto do mundo mora na China, país com a economia que mais cresce no planeta, que é terceiro maior em extensão territorial, que tem a mais numerosa população do globo, 1,3 bilhão de pessoas. É por isso que o mandarim ou chinês é a língua que bate o inglês no quesito quantidade de bocas a emitir seus vocábulos. E aqui vai outro exagero: enquanto o alfabeto latino tem 26 letras, o mandarim conta com mais de 15 mil ideogramas.

A língua dos fortes

Vladimir Putin é popular na Rússia porque tirou o país do fundo do poço depois do colapso do regime comunista. Com mão de ferro, recolocou a economia nos trilhos. Foi também na marra que o idioma russo foi imposto por Josef Stálin a todos os Estados que formavam a extinta URSS. É de forma paulatina e pacífica, porém, que acontece algo de novo com a língua russa: a incorporação de influências do inglês, em termos relativos à economia, aos negócios e à tecnologia.

Nuestra lengua hermana

Uma das atrizes espanholas de maior projeção internacional na atualidade, Penélope Cruz tem como idioma nativo uma língua em plena expansão. O espanhol é uma das línguas da globalização. Da Espanha, ganhou boa parte das Américas. Nos Estados Unidos, já é o segundo idioma mais falado principalmente por causa de imigrantes do México. No censo, dois sobrenomes hispânicos – García e Rodríguez – apareceram pela primeira vez na lista dos dez mais comuns em solo americano.

A última flor do Lácio

No século 16, o português era língua franca entre ingleses, franceses e espanhóis em portos e regiões da África e da Índia. Era chamado “língua doce” por facilitar a expressão em prosa e verso de talentos como Luís de Camões. O português teve influências celtas, visigodas, suevas e, depois, francesas, árabes, africanas, indianas e indígenas. Uma reforma ortográfica, prevista para 2010, nos oito países que têm o português como idioma oficial, prevê a unificação da escrita.


Eu, tu, ele, nós
Os dez idiomas mais falados e influentes do planeta
1. Chinês

2. Inglês

3. Hindustânico

4. Espanhol

5. Russo

6. Árabe

7. Bengali

8. Português

9. Malaio/Polinésio

10. Francês


Saiba mais
OBRA

Historia de las Lenguas del Mundo, Antonio Caridad Salvador, Ronsel, 2006 R$ 32 329 págs.
fonte:http://historia.abril.com.br/cultura/conteudo_595559.shtml